Bossa ductal (ductus bump) em radiografia de tórax de recém-nascido

Fev de 2016.

Autoras: Mariana Chiaradia Dominguez

                 Denise Duarte

Orientadora: Beatriz Regina Alvares 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           


 

Recém - nascido (RN) com idade gestacional (IG) de 38 semanas e 6 dias, peso de nascimento de 3020g, sexo masculino. Durante a recepção o RN apresentou-se não vigoroso, com  APGAR de 3/8 e cianose central. Após laringoscopia e aspiração de traqueia, foi colocado em VPP, reassumindo ventilação espontânea após 30 segundos.

As hipóteses diagnósticas foram de RN termo e risco de infecção ovular, ficando interrogadas Taquipnéia Transitória do RN e Síndrome de Aspiração de Mecônio. Foi atendido na UTI Neonatal, evoluindo com desconforto respiratório e suspeita de hipertensão pulmonar. Na radiografia realizada no primeiro dia de vida foi constatado abaulamento mediastinal à esquerda, sendo levantada a hipótese de Bossa Ductal. .Após 24 horas, foi realizada outra  radiografia de controle, não sendo mais visualizado o abaulamento, confirmando assim o diagnóstico de Bossa Ductal.

 


 

História Clínica:

Recém - nascido (RN) com idade gestacional (IG) de 38 semanas e 6 dias, peso de nascimento de 3020g, sexo masculino. Durante a recepção o RN apresentou-se não vigoroso, com  APGAR de 3/8 e cianose central. Após laringoscopia e aspiração de traqueia, foi colocado em VPP, reassumindo ventilação espontânea após 30 segundos.

As hipóteses diagnósticas foram de RN termo e risco de infecção ovular, ficando interrogadas Taquipnéia Transitória do RN e Síndrome de Aspiração de Mecônio. Foi atendido na UTI Neonatal, evoluindo com desconforto respiratório e suspeita de hipertensão pulmonar. Na radiografia realizada no primeiro dia de vida foi constatado abaulamento mediastinal à esquerda, sendo levantada a hipótese de Bossa Ductal. .Após 24 horas, foi realizada outra  radiografia de controle, não sendo mais visualizado o abaulamento, confirmando assim o diagnóstico de Bossa Ductal.

 


 

Imagens do Caso:

Imagem 1

Radiografia de tórax, evidenciando proeminência convexa, à esquerda dos corpos vertebrais de T2 e T4,  em localização anatômica do arco aórtico(seta).

Imagem 2

A radiografia de tórax de controle realizada 24 horas após, demonstrou desaparecimento da imagem visibilizada anteriormente.

 


 

Diagnóstico: Bossa Ductal

 


 

Discussão:

A Bossa Ductal ou Ductus Bump é a imagem radiológica que representa o infundíbulo ductal do canal arterial dilatado, em fase de fechamento, sendo considerado não patológico. Esse sinal ocorre devido à passagem de sangue bidirecional entre o ramo esquerdo da artéria pulmonar e a porção mais cefálica da aorta descendente, através do canal arterial ainda patente.1,2 Pode ser visível na radiografia de tórax nas primeiras 24 horas de vida como uma proeminência convexa à esquerda da coluna vertebral, entre T3 e T4, desaparecendo a seguir.1,3

Caso esta imagem radiológica persista, deve ser pensada na possibilidade de aneurisma do ducto arterioso, que se apresenta com uma imagem semelhante, sendo importante para o diagnóstico a realização de ecocardiografia.

 A maioria dos casos de RN portadores de  aneurisma do ducto arterioso  é assintomática ao nascimento, sendo diagnosticado em pacientes menores de 2 meses de idade, e mais frequentemente observado em portadores de doenças do tecido conjuntivo, como Marfan e Ehlers-Danlos. O diagnóstico intra-útero pode ser feito por ecocardiografia, principalmente no final do teceiro trimestre.4 Em raros casos podem ocorrer complicações severas do aneurisma, como ruptura espontânea, dissecção, formação troboembólica, e até mesmo óbito.5

Apesar do uso de indametacina se mostrar efetivo no fechamento do ducto arterioso persistente em RNs prematuros, sua eficácia na regressão do aneurisma ainda permanece incerta. O tratamento cirúrgico pode ser indicado em alguns casos, como em associação com doenças do tecido conjuntivo e compressão de estruturas vizinhas, estando indicado  principalmente para os casos que persistam além do período neonatal ou que desenvolvam complicações precoces.3

No  presente caso, devido ao desaparecimento da imagem radiológica nas primeiras 48 horas de vida, o diagnóstico estabelecido foi  de Bossa Ductal devido à persistência do canal arterial,  não sendo necessário estabelecer nenhum procedimento adicional no RN.

 


 

Fonte: Acervo didático da Seção de Imaginologia do CAISM/UNICAMP

Fotógrafo: Neder Piagentini do Prado: ASTEC/CAISM/UNICAMP.

 


 

Referências:

1. Alvares Br, Dominguez MC. “Avaliação da radiografia de tórax no recém nascido”. In: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; Muglia VF, Macedo T, organizadores. PRORAD Programa de Atualização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem: Ciclo 5. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2015. p107-53. (Sistema de Educação Continuada a Distância,v.1).

2. Alvares BR, Pereira ICMR, Neto SAA, Sakuma ETI. Achados normais no exame radiológico de tórax do recém-nascido. Radiol Bras. 2006; 39(6):435-440.

3. Kaushik N, Cohen RA, Helton JG. 3-D CT angiographic demonstration of a neonatal ductus arteriosus aneurysm with development of ductal calcification: are the ‘‘ductus bump’’, ductus arteriosus aneurysm, and ductal calcification related?. Pediatr Radiol (2004) 34: 738–741

4. Dyamenahalli U, Smallhorn JF, Geva T et al. Isolated ductus arteriosus aneurysm in the fetus and infant: a multi-institutional experience, Journal of the American College of Cardiology,36(1): 262-9

5. Suzue M, Mori K, Hayabuchi Y.Congenital ductus arteriosus aneurysm. J Echocardiogr (2012) 10:112–114

 


 

Autoras

Mariana Chiaradia Dominguez1

Denise Duarte2

Beatriz Regina Alvares 3

1- Aluna do 5º ano do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas-  FCM/UNICAMP. Desenvolve  atividades de pesquisa na área de Radiologia Neonatal, no Hospital Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher/ CAISM-UNICAMP.

2- Fisioterapeuta da Seção de Fisioterapia do CAISM-UNICAMP, Área de Neonatologia.

3-  Profa Dra do Departamento de Radiologia da FCM/UNICAMP. Desenvolve atividades docente – assistenciais no Hospital Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher/ CAISM-UNICAMP.


. Bossa ductal (ductus bump) em radiografia de tórax de recém-nascido. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2016. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/bossa-ductal-ductus-bump-em-radiografia-de-torax-de-recem-nascido. Acesso em: 28 Mar. 2024