Estenose duodenal em recém-nascido - aspectos radiológicos

Jan de 2016.

Autora: Aileen Miwa Tabuse

Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Regina Alvares

                                                                                                                                                                                                 

Historia clínica

Paciente do sexo feminino, nasceu com idade gestacional de 38 semanas e 6 dias, por meio de parto cesárea,  pesando 2810 gramas e 48 centímetros de comprimento. RN colocado em seio materno mamou pouco e apresentou vômitos pós mamadas. Passou a utilizar sonda nasogástrica em jejum via oral. Com 48 horas de vida realizou radiografia simples de abdome, sendo evidenciada distensão gástrica. O exame contrastado do esôfago, estômago e duodeno evidenciou área de estenose na segunda porção duodenal. Paciente submetida à laparotomia exploradora, comprovando áreas de estenose e inflamação em 1º e 2º porções do duodeno. Foi realizada duodenoplastia ampla englobando parte do piloro e deixada sonda transanastomótica. Após a cirurgia paciente evoluiu bem, sem náuseas e vômitos. Alta hospitalar em 12/11/00.


Descrição das imagens

Figura1

Radiografia simples de abdome, após injeção de ar no estômago, evidencio dilatação gástrica, com pequena quantidade de ar nas demais alças intestinais, caracterizando quadro de sub oclusão alta.

 

Figura 2

O EED demonstrou redução de calibre da primeira porção duodenal, caracterizando área de estenose. O bulbo duodenal encontra-se preservado. 


Diagnóstico (tópico curto)

Estenose duodenal.

A presença do sinal clinico de vômitos pós mamadas é indicativo de estenose e atresia duodenais. Os exames de imagem comprovaram o diagnóstico de estenose duodenal, em função dos achados de dilatação gástrica associada à pequena quantidade de ar nas demais alças intestinais em radiografia simples do abdome e redução do calibre da primeira porção duodenal em EED.


Discussão

Vômitos nas primeiras horas de vida do recém nascido podem decorrer de várias causas, estando entre elas as atresias e estenoses duodenais.

O diagnóstico correto da doença obstrutiva é essencial para a realização do tratamento cirúrgico adequado. Por isso a importância de se conhecer cada obstrução gástrica e intestinal e suas características.

 Na estenose duodenal, os sinais e sintomas são vômitos, na maioria das vezes biliosos, distensão apenas do epigástrio e freqüentemente icterícia. O exame radiológico simples de abdome demonstra distensão gástrica e pequena quantidade de ar nas demais alças intestinais.  O exame contrastado do estômago e duodeno demonstra redução de calibre duodenal, caracterizando a área de estenose. Tal patologia geralmente está associada às malformações externas, como pâncreas anular, bridas de Ladd, duplicação duodenal e Veia Porta anteriorizada.

Atresia intestinal é uma doença que pode ser classificada em 3 principais tipos: tipo I membrana obstrutiva, tipo II cordão fibroso e tipo III separação completa (IIIA falha no mesentério em V e IIIB ‘apple peel’).

A estenose hipertrófica de piloro também representa uma causa comum de obstrução gástrica, porém não costuma ser muito freqüente no período neonatal. Quando presente, além do quadro clínico de vômitos após as mamadas costuma apresentar ‘’tumor’’ pilórico palpável, também chamado de oliva pilórica, achados inexistentes na estenose duodenal. Os achados radiológicos e utrassonográficos são característicos possibilitando o diagnóstico diferencial.

No presente caso, a estenose não estava associada à fatores extrínsecos, mas o diagnóstico radiológico foi realizado possibilitando a conduta cirúrgica adequada.


Fonte: Acervo didático da Seção de Imaginologia do CAISM/UNICAMP

Fotógrafo: Neder Piagentini do Prado: ASTEC/CAISM - UNICAMP


Referências

Hajivassiliou CA. Intestinal obstruction in neonatal/pediatric surgery. Semin Pediatr Surg. 2003;12:241-53.

Figueiredo S., Araújo Júnior C., Nóbrega B., et al. Estenose hipertrófica do piloro: caracterização clínica, radiológica e ecográfica. Radiol Bras 2003;36(2):111116

Boëchat P. Patologia cirúrgica do recém-nascido. Editora Fiocruz, 2004.

. Estenose duodenal em recém-nascido - aspectos radiológicos. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2016. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/estenose-duodenal-em-recem-nascido-aspectos-radiologicos. Acesso em: 29 Mar. 2024