Biometria fetal
Autor: Thiago Poppes Santalla
Orientador: João Renato Bennini Jr.
Avaliação da Biometria Fetal
Para a avaliação do crescimento fetal é importante o conhecimento da idade gestacional, que pode ser determinado por vários parâmetros: no primeiro trimestre, pelo comprimento cabeça-nádega (CCN); no segundo e terceiro trimestres, com pelo menos três medidas fetais, segundo os trabalhos de Hadlock et al. (1983), sendo elas: diâmetro biparietal (DBP) e circunferência cefálica (CC), como índice de crescimento da cabeça; e comprimento do fêmur (CF), como índice de crescimento da estatura. A medida da circunferência abdominal não é utilizada para datação, mas apenas para avaliação de crescimento. A utilização de múltiplos parâmetros é fundamental, pois oferece menor margem de erro.1,2
Medidas de datação são usadas para confirmar a data da ultima menstruação (DUM) ou estimar a idade gestacional de fetos quando ela não é conhecida ou incerta. Normalmente quanto mais precoce a medida, mais confiável. Uma vez estimada a idade gestacional, as próximas medidas deverão ser usadas para avaliar crescimento fetal apenas. Ja a avaliação do crescimento deve ser realizada somente após a datação.3
A determinação do peso fetal estimado pela ultra-sonografia é importante meio de verificar o bem-estar fetal e de avaliar a evolução de seu crescimento no decorrer da gestação, assim como reduzir a morbidade e mortalidade associadas ao retardo de crescimento intra-útero.2 A presença de patologias maternas, bem como as fetais, também deve ser conhecida para que se possa avaliar sua possível influência no crescimento fetal. Características fisiológicas maternas, podem igualmente influenciar o ganho de peso fetal, em especial, no 3o trimestre da gestação.4 Há também múltiplos determinantes não-patológicos do peso neonatal ao nascimento. Dentre estes fatores variantes, o mais importante deles é o potencial intrínseco de crescimento individual do feto.5
Comprimento Cabeça-Nádega:
Realiza-se um corte sagital mediano com o embrião/feto em repouso;
O eixo do CCN deve estar perpendicular ao feixe sonoro;
Obter o comprimento máximo em linha reta;
Utilizar a melhor de 3 medidas;
Variabilidade estimativa IG: ± 8% (2 DP).
(Robinson, 1973 Hadlock et al., 1992)
Circunferência Cefálica:
Calculada a partir das medidas do DBP e diâmetro occipital-frontal (DOF);
Realizar corte transversal do crânio, o qual deverá conter: Cavum septum pellucidum, tálamos e terceiro ventrículo, ventrículos laterais;
Linha média perpendicular ao feixe sonoro, interrompida a 1/3 do seu comprimento pelo cavum septum pellucidum;
Os limites da calota craniana e ventrículos laterais devem estar centralizados e simétricos em relação à linha média;
Plexo coróide visível no corno posterior do ventrículo lateral;
DOF: limites externos da calota craniana (borda óssea externa) nas regiões frontal e occipital, seguindo a linha média;
DBP: maior distância entre os limites externos dos ossos parietais a 90o em relação ao DOF.6
Circunferência Abdominal:
Calculada a partir das medidas dos diâmetros abdominais ântero-posterior (DAAP) e transverso (DAT);
Realizar corte transversal do abdômen, que deverá conter: estômago, seio venoso (menor extensão possível da veia umbilical), coluna, aorta descendente; Costelas simétricas; Forma circular;
DAAP: limites externos (“pele a pele”) do abdome nas regiões posterior (coluna) e anterior;
DAT: maior distância entre os limites externos (“pele a pele”) das regiões laterais do abdome, perpendicular em relação ao DAAP.7
Comprimento Femoral:
Corte longitudinal, contendo: diáfise femural (calcificada), cabeça e côndilo do fêmur (cartilagem);
Incidir feixe sonoro a 90º;
Medida da porção calcificada da diáfise femural;
Calibrador de medida nas junções da cartilagem com a porção calcificada.8
Referências:
1. Nery, Luiz; Moron, Antonio Fernandes; Kulay Junior, Luiz. Avaliação Ultra-Sonográfica do Crescimento Fetal com uso do Diâmetro Transverso do Cerebelo. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2000; v. 22, n. 5, p. 281-286.
2. Cecatti, José Guilherme et al . Curva dos valores normais de peso fetal estimado por ultra-sonografia segundo a idade gestacional. Cad. Saúde Pública, 2000; v. 16, n. 4, p. 1083-1090.
3. Loughna P, Chitty L, Evans T, Chudleigh T. Fetal size and dating: charts recommended for clinical obstetric practice. Ultrasound 2009; 17: 161–167.
4. De Jong, C. L.; Gardosi, J.; Baldwin, C.; Francis, A.; Dekker, G. A. & Van Geijn, H. P.Fetal weight gain in a serially scanned high-risk population. Ultrasound in Obstetrics and Gynecology, 1998; 11: 39-43.
5. Ott, W. J. Defining altered fetal growth by second-trimester sonography. Obstetrics and Gynecology, 1990; 75: 1053-1059.
6. Chitty LS, Altman DG, Henderson A, Campbell S. Charts of fetal size: 2. Head measurements. Br J Obstet Gynaecol 1994; 101: 35–43.
7. Chitty LS, Altman DG, Henderson A, Campbell S. Charts of fetal size: 3. Abdominal measurements. Br J Obstet Gynaecol 1994; 101: 125–131
8. Chitty LS, Altman DG, Henderson A, Campbell S. Charts of fetal size: 4. Femur length. Br J Obstet Gynaecol 1994; 101: 132–135.