Análise crítica da ultrassonografia obstétrica

Dez de 2015.

Dra. Isabella Salvetti Valente

PARA QUÊ SERVE O ULTRASSOM OBSTÉTRICO?

O ultrassom obstétrico é atualmente uma das ferramentas mais importantes na rotina do cuidado com as gestantes, sendo importante de maneiras diferentes em todas as fases da gestação.

Importância do ultrassom obstétrico no primeiro trimestre:

- avaliar se a gestação é tópica (intra-uterina) ou não, o número de fetos, eventuais sinais de mau prognóstico (risco aumentado de abortamento) e datar a gestação com pequena margem de erro;

- permite calcular, entre 11 e 14 semanas, o risco de cromossomopatias naquele feto. Isso possibilita a orientação do casal quanto à realização de procedimentos invasivos com coleta de material para prosseguir a investigação genética;

- permite nessa mesma época (11-14 semanas) já avaliar alguns aspectos da anatomia fetal e da placenta;

- permite calcular o risco de desenvolvimento de doenças maternas (como pré-eclâmpsia, com a utilização do Doppler das artérias uterinas);

Importância do ultrassom obstétrico no segundo e no terceiro trimestres:

- avaliar entre 20 e 24 semanas a anatomia e desnvolvimento fetais e da placenta, detectar eventuais malformações e elaborar a partir do quadro hipóteses diagnósticas e propostas terapêuticas e de acompanhamento;

- possibilita realizar a medida do colo uterino, que se sabe, quando curto, está relacionado a maior incidência de parto prematuro;

- permite avaliar ao longo de toda a gestação, mas principalmente no terceiro trimestre, aspectos da vitalidade fetal, de sua velocidade de crescimento e da fisiologia feto-placentária;

- é essencial para guiar procedimentos invasivos como amniocentese diagnóstica ou terapêutica, biópsia de vilo corial, cordocentese diagnóstica ou terapêutica para transfusão fetal intra-útero e biópsias diversas de tecidos fetais. Além de guiar cirurgias fetais (oclusão traqueal com balão, laser de placenta, procedimentos cardíacos fetais, entre outros).

 

 

PARA QUÊ O ULTRASSOM OBSTÉTRICO NÃO SERVE, QUAIS SUAS LIMITAÇÕES:

O ultrassom obstétrico, ao contrário do que muitos pensam:

- não consegue predizer a data e a hora do parto, nem se ele será vaginal ou cesárea;

- não consegue avaliar a dilatação do colo quando em trabalho de parto – este diagnóstico é clínico;

- não consegue dar diagnóstico definitivo se houve ou não rotura de membranas amnióticas (líquido normal ao ultrassom não exclui amniorrexe);

- não consegue dar diagnóstico definitivo de descolamento de placenta – este diagnótico é clínico;

- não consegue avaliar adequadamente a anatomia fetal no terceiro trimestre, já que as partes fetais, já de grandes dimensões, estão muitas vezes fixas, dobradas sobre elas mesmas, pressionadas contra a parede uterina etc;

- não tem boa performance em pacientes obesas ou com sobrepeso, devido à atenuação sonora do tecido adiposo materno e

- não tem boa performance para DATAR a gestação quando esta já encontra-se avançada, depois do primeiro trimestre, pois a margem de erro pode chegar a 3 semanas.

. Análise crítica da ultrassonografia obstétrica. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2015. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/analise-critica-da-ultrassonografia-obstetrica. Acesso em: 20 Abr. 2024