Descrição ultrassonográfica dos achados miometriais - musa
Dra. Karla Galvão Araujo
Em 2015, foi publicado um consenso sobre a descrição de termos, definições e medidas dos achados ultrassonográficos do miométrio. Tal consenso foi baseado na opinião de experts em ultrassonografia ginecológica, fertilidade, histeroscopia, ginecologia geral e pesquisa clínica, que compuseram o grupo MUSA (Morphological Uterus Sonographic Assessment).
Os autores propõem um conjunto detalhado de termos e medidas para serem usados em pesquisa clínica e um conjunto mais sucinto de informações para uso na prática clínica.
Abaixo estão listadas as principais características ultrassonográficas miometriais propostas para descrição.
- Medidas:
O útero pode ser medido das seguintes formas:
- Volume do útero inteiro: d. longitudinal x d. ântero posterior x d. transversal x 0,523.
- Volume do corpo uterino (quando há interesse no volume do miométrio; para avaliar adenomiose por ex.):
d.longitudinal do corpo (excluir o colo) x d. ântero posterior x d. transversal x 0,523.
- Contornos da serosa: regulares / lobulados.
- Paredes miometriais: simétricas / assimétricas.
- Ecotextura miometrial: homogênea / heterogênea.
- Zona juncional (melhor avaliada em 3D): regular / irregular / interrompida / não visível /não avaliada
- Lesões miometriais:
- localizadas / difusas.
- bem definidas / mal definidas.
- número: aproximado se mais de 4 lesões.
- medidas: nos três diâmetros.
- localização: anterior / posterior/ fúndica / lateral D / lateral E / global.
- classificação FIGO (*): para lesões bem definidas.
- sombra acústica nas lesões: presente / ausente; marginal / interna / em forma de leque.
- cistos: presentes / ausentes.
- ilhas hiperecogênicas: presentes / ausentes.
- linhas e botões hiperecogêncos subendometriais: presentes / ausentes.
Caso haja interesse clínico (planejamento de miomectomia, pacientes sintomáticas, nulíparas, etc.),
acresentar tais informações sobre os miomas mais relevantes:
- margem livre externa: distância lesão --- serosa.
- margem livre interna: distância lesão --- endométrio.
- Vascularização: se for clinicamente relevante. Preferência para power Doppler.
- avaliação global do útero: padrão uniforme / não uniforme.
- avaliação da lesão: fluxo periférico, intralesional ou ambos.
- quantidade de fluxo na lesão: índice de cor 1 (sem fluxo), 2 (fluxo mínimo), 3 (fluxo moderado),
4 (fluxo abundante).
* Classificação dos miomas - FIGO - PALM-COEIN
0 | Intracavitário, pediculado |
1 | Submucoso, < 50% intramural |
2 | Submucoso, > 50% intramural |
3 | Intramural, tangenciando o endométrio |
4 | Intramural |
5 | Subseroso, > 50% ntramural |
6 | Subseroso, < 50% intramural |
7 | Subseroso, pediculado |
8 | Outros (ex. cervical, parasita) |
Miomas híbridos: afetam tando o endométrio quanto a serosa. Exemplo:
Classificação 2-5: quando o nódulo possui componentes submucoso e subseroso, com menos da metade do seu diâmetro nas cavidades endometrial e peritoneal.
Considerações sobre a descrição proposta pelo MUSA.
Não é obrigatório que todos os detalhes acima relatados estejam contidos no laudo de todas as mulheres que realizam ultrassonografia pélvica transvaginal.
A descrição completa e padronizada é importante, especialmente, para a avaliação de mulheres sintomáticas e para mulheres que apresentem lesões que possam interferir na fertilidade e/ou que necessitem seguimento.
Em caso de múltiplas lesões miometriais, medir e descrever as mais relevantes.
Referências
Terms, definitions and measurements to describe sonographic features of myometrium and uterine masses: a consensus opinion from the Morphological Uterus Sonographic Assessment (MUSA) group. Van den Bosch et al., 2015.
FIGO classification system (PALM-COEIN) for causes of abnormal uterine bleeding in nongravid women of reproductive age. Munro et al., 2011.