Rotura extracapsular de implante mamário
Autor: Dr. Eduardo Pontes Reis
Orientador: Dr. Orlando José de Almeida
Caso clínico:
Mulher de 62 anos sofreu queimadura de grande área corporal na infância, e como sequela teve perda de praticamente todo o parênquima fibroglandular mamário, com grande prejuízo estético corporal. Aos 22 anos realizou mamoplastia de aumento, com colocação de implantes subglandulares bilaterais.
Há 15 anos percebeu mudança da forma e aumento da rigidez das mama, provavelmente devido a retração da cápsula fibrosa. Nega outras queixas que pudessem estar relacionadas à rotura, como dor à palpação.
Vem ao serviço para realizar mamografia de rastreamento.
Imagens
Mamografias nas incedências mediolaterais oblíquas mostram irregularidades do contorno nas porções superiores devido a imagens de alta radiodensidade adjacentes à superfície, que correspondem ao extravasamento extracapsular do silicone (seta).
Mamografias nas incidências cranio caudais. Os achados de rotura extracapsular são mais discretos e identificados apenas no quadrante lateral da mama esquerda (seta).
Diagnóstico:
Rotura extracapsular de implantes mamários bilaterais.
Fonte: Seção de imagem do CAISM/Unicamp
Discussão:
As rupturas de implantes mamários são uma das mais frequentes complicações tardias das cirurgias para colocação de implantes mamários. Esta é uma condição já bem conhecida e estudada. Estima-se a incidência de rotura em 2 a cada 100 implantes por ano, o que a torna a principal causa de retirada do implante. Na maioria dos casos há a formação de uma capsula fibrosa envolvendo o implante. As roturas intracapsulares ocorrem quando o implante se parte, mas a cápsula fibrosa permanece intacta. Na rotura intracapsular, como não há o extravasamento do silicone para o parênquima fibroglandular torna-se de difícil o seu diagnóstico pela mamografia, para tanto lançamos mão da ultrassonografia e da ressonância magnética.
Nas roturas extracapsulares, a capsula fibrosa também se rompe, proporcionando o extravasamento do silicone até o parênquima fibroglandular. Em casos mais extensos a deformidade e/ou a perda de resistência do implante podem ser detectados pelo exame clínico. O diagnóstico mamográfico é realizado pela identificação do silicone, principalmente nos quadrantes supero laterais.
A maioria das rupturas ocorrem após 10 a 15 anos da cirurgia, e a sua incidência aumenta quanto maior é a idade do implante, como podemos observar no caso apresentado, em que o implante foi realizado há mais de 40 anos
Referências Bibliográficas:
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- Eurorad teaching files : Case 8831
- Scaranelo AM, Marques AF, Smialowski EB, Lederman HM: Evaluation of the rupture of silicone breast implants by mammography, ultrasonography and magnetic resonance imaging in asymptomatic patients: correlation with surgical findings. Sao Paulo Med J. 2004 ;122(2):41-7.