Calcificações ductais em bastão: correlação clínica e mamográfica
Autora: Andréa Ap. Romano S. Rodrigues
Orientadora:Profa. Dra. Beatriz Regina Alvares
História clínica
Paciente do sexo feminino, branca, 73 anos, assintomática, nega dor, descarga papilar e nodulações palpáveis, realizou mamografia de rotina na Seçao de Imagem do CAISM.
Sem antecedentes familiares para câncer de mama
Achados de exame físico: mamas simétricas, liposubstituídas de médio volume. Ausência de retrações ou lesões de pele, axilas livres.
Imagens do Caso
Descrição das imagens
Mamografia efetuada nas incidências Médio Lateral Oblíqua-MLO e Crânio Caudal-CC, evidenciando em ambas as mamas, calcificações lineares, alongadas, em bastão, seguindo a distribuição ductal e convergindo para os mamilos.
Discussão
Calcificações ductais em bastão representam um achado mamográfico tipicamente benigno e costumam estar associadas à ectasia ductal.
A ectasia ductal é uma doença benigna, caracterizada histologicamente por dilatação dos ductos mamários em mulheres, tanto no menacme, quanto na pós-menopausa. Os ductos são considerados normais quando apresentam um diâmetro entre 0,5 e 1,0 mm, e dilatados quando excedem esse valor, sendo que, nos estágios iniciais da dilatação, o diâmetro varia em média entre 3,0 e 5,0 mm e usualmente não apresentam alterações no epitélio ou na parede ductal. A etiopatogenia é descrita na literatura como multifatorial: acúmulo de debris e material lipídico na luz ductal, inflamação periductal e fibrose por microbiota ou automimune.
A maioria dos casos ocorre na perimenopausa, embora possa ocorrer em mulheres mais jovens e também em homens. Trinta a quarenta por cento das mulheres com mais de 50 anos e metade das mulheres com mais de 60 anos podem apresentar evidências de ectasia ductal.
A fase inicial da dilatação ductal usualmente é assintomática e quando sintomático, o quadro clínico da ectasia ductal é representado pela descarga mamilar multiductal, colorida e bilateral. É importante a diferenciação da retração mamilar, resultante da fibrose periductal encontrada em alguns casos de ectasia ductal daquelas causadas por um carcinoma. Na ectasia ductal, a presença de células plasmáticas pode simular um carcinoma lobular infiltrante, tanto macroscópica quanto microscopicamente.
Ao exame mamográfico, estas calcificações aparecem como imagens lineares de densidade cálcica, apresentando localização intra ou peri-ductal, com diâmetro aproximado de 1 mm, dirigindo-se para os mamilos, e podendo ser visível em ambas as mamas.
As Calcificações ductais em bastão podem ser encontradas em exames de rastreamento mamográfico e não necessitam qualquer tipo de intervenção, devendo ser classificadas como achados mamográficos benignos, de acordo com a Classificação BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System).
No presente caso, as alterações encontradas no exame mamográfico foram diagnosticadas como lesões benignas-BIRADS 2 e a conduta sugerida foi controle mamográfico de rotina.
Fonte: Acervo didático da Seção de Imaginologia do CAISM/UNICAMP
Fotógrafo: Neder Piagentini do Prado: ASTEC/CAISM/UNICAMP.
Referências
1 - American College of Radiology (ACR). BI-RADS® — Mammography [database on the Internet]. 5th ed. Reston: American College of Radiology; 2013.
2- Rahal RMS, Freitas Júnior R , Cunha LC, Moreira MAR, Conde DM, Rosa VDL. Ectasia ductal mamária: uma revisão. Rev Bras Mastologia. 2012;22(2):57-65
3- Rahal RMS, Freitas-Junior R, Paulinelli RR. Risk factors for duct ectasia. Breast Journal 2005;11(4):262-5