Esteatonecrose em exames por imagem da mama
Esteatonecrose em exames por imagem da mama
Dra. Juliana Hortolam
Prof. Dr. Rodrigo Menenes Jales
A esteatonecrose da mama é um processo patológico que ocorre quando há saponificação localizada
de gordura. É um processo inflamatório benigno que está se tornando cada vez mais
comum devido à cirurgia conservadora da mama e aos procedimentos de mamoplastia.
Epidemiologia
A maioria dos casos está relacionada ao antecedente de cirurgia ou trauma na mama. Entretanto pode ocorrer em mulheres com mais de 50 anos sem antecedentes e seios pendurados (pendolous).
Patologia
À microscopia, a mudança inicial é a interrupção de células de gordura, onde vacúolos com os restos de células de gordura necróticas são formadas. Eles, então, tornam-se rodeados por macrófagos carregados de lipídios, células gigantes multinucleadas e células inflamatórias agudas. A fibrose desenvolve-se durante a fase de reparação, perifericamente encerrando uma área de gordura necrótica e restos celulares, possivelmente palpável no sítio cirúrgico. Eventualmente, a fibrose pode substituir a área de gordura degenerada por uma cicatriz ou a gordura degenerada pode persistir por anos dentro de uma cicatriz fibrótica.
Achados Mamográficos
A esteatonecrose pode ter uma aparência mamográficas muito variável, dependendo da extensão e do tempo de evolução. A informação sobre o antecedente de trauma ou cirurgia e sobre o tempo de evolução é essencial para o raciocínio e o diagnóstico diferencial.
A densidade e as espiculações, comuns em cirurgias recentes, extensas e associadas à radioterapia desaparecem ou tornam-se nódulos radioluscentes e circunscritos (cistos oleosos) em um período varíavel, que pode durar até 4 anos. Além disso, as calcificações amorfas e inespecíficas tornam-se mais periféricas e grosseiras. As calcificações grosseiras relacionadas a esteatonecrose devem ser descritas como distróficas.
Na recidiva subcicatricial, por outro lado, os achados mamográficos tornam-se mais suspeitos em relação aos exames anteriores. A densidade, as espiculações e/ou o número de calcificações amorfas aumentam. Nos primeiros controle mamográficos após cirurgias conservadoras, podem ser necessárias incididências mamográficas complementares com compressão focal e magnificação ou a realização de ultrassonografia dirigida.
Calcificações distróficas mais concentradas no terço posterior do quadrante súpero-medial da mama esquerda relacionadas a esteatonecrose. Paciente com antecedente de cirurgia conservadora há 3 anos. Notar o espessamento cutâneo relacionado à radioterapia prévia.
A marcação da cicatriz cirúrgica por marcador radiopaco apropriado pode ser útil para a correlação espacial entre o achado mamográfico e a cicatriz. O marcador radiopaco linear costuma ser padronizado para cicatriz cirúrgica na mama.
Referencias:
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3. Taboada JL, Stephens TW, Krishnamurthy S et-al. The many faces of fat necrosis in the breast.
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