Esteatonecrose em exames por imagem da mama

Jan de 2016.

Esteatonecrose  em exames por imagem da mama

Dra. Juliana Hortolam

Prof. Dr. Rodrigo Menenes Jales

 



A esteatonecrose da mama é um processo patológico que ocorre quando há saponificação localizada
de gordura. É um processo inflamatório benigno que está se tornando cada vez mais
comum devido à cirurgia conservadora da mama e aos procedimentos de mamoplastia.



Epidemiologia


A maioria dos casos está relacionada ao antecedente de cirurgia ou trauma na mama. Entretanto pode ocorrer em mulheres com mais de 50 anos sem antecedentes e seios pendurados (pendolous).

 



Patologia


À microscopia, a mudança inicial é a interrupção de células de gordura, onde vacúolos com os restos de células de gordura necróticas são formadas. Eles, então, tornam-se rodeados por macrófagos carregados de lipídios, células gigantes multinucleadas e células inflamatórias agudas. A fibrose desenvolve-se durante a fase de reparação, perifericamente encerrando uma área de gordura necrótica e restos celulares, possivelmente palpável no sítio cirúrgico. Eventualmente, a fibrose pode substituir a área de gordura degenerada por uma cicatriz ou a gordura degenerada pode persistir por anos dentro de uma cicatriz fibrótica.



Achados Mamográficos


A esteatonecrose pode ter uma aparência mamográficas muito variável, dependendo da extensão e do tempo de evolução. A informação sobre o antecedente de trauma ou cirurgia e sobre o tempo de evolução é essencial para o raciocínio e o diagnóstico diferencial.
A densidade e as espiculações, comuns em cirurgias recentes, extensas e associadas à radioterapia desaparecem ou tornam-se nódulos radioluscentes e circunscritos (cistos oleosos) em um período varíavel, que pode durar até 4 anos. Além disso, as calcificações amorfas e inespecíficas tornam-se mais periféricas e grosseiras. As calcificações grosseiras relacionadas a esteatonecrose devem ser descritas como distróficas.

Na recidiva subcicatricial, por outro lado, os achados mamográficos tornam-se mais suspeitos em relação aos exames anteriores. A densidade, as espiculações e/ou o número de calcificações amorfas aumentam. Nos primeiros controle mamográficos após cirurgias conservadoras, podem ser necessárias incididências mamográficas complementares com compressão focal e magnificação ou a realização de ultrassonografia dirigida.

 

 

 

Calcificações distróficas mais concentradas no terço posterior do quadrante súpero-medial da mama esquerda relacionadas a esteatonecrose. Paciente com antecedente de cirurgia conservadora há 3 anos. Notar o espessamento cutâneo relacionado à radioterapia prévia.


A marcação da cicatriz cirúrgica por marcador radiopaco apropriado pode ser útil para a correlação espacial entre o achado mamográfico e a cicatriz. O marcador radiopaco linear costuma ser padronizado para cicatriz cirúrgica na mama.



Referencias:

1. Sickles, EA, D’Orsi CJ, Bassett LW, et al. ACR BI-RADS® Mammography. In: ACR BI-RADS® Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology; 2013.
2. Bargum K, Nielsen SM. Case report: fat necrosis of the breast appearing as oil cysts with fatfluid
levels. Br J Radiol. 1993;66 (788): 718-20. doi:10.1259/0007-1285-66-788-718 - Pubmed
citation.
3. Taboada JL, Stephens TW, Krishnamurthy S et-al. The many faces of fat necrosis in the breast.
AJR Am J Roentgenol. 2009;192 (3): 815-25. doi:10.2214/AJR.08.1250 - Pubmed citation.

 

. Esteatonecrose em exames por imagem da mama. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2016. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/esteatonecrose-em-exames-por-imagem-da-mama. Acesso em: 22 Dez. 2024