Carcinoma lobular invasivo da mama - características da mamografia, da ultrassonografia e da ressonância magnética.

Fev de 2021.
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Exemplo dos achados de imagem do carcinoma lobular invasivo em uma mulher de 61 anos, que palpou um nódulo mal delimitado na mama esquerda, associado a leve retração da papila.

 

A mamografia mostrou uma assimetria global e um discreto espessamento cutâneo na região central da mama esquerda. Não foi delimitado nódulo. Regiões axilares livres. Não foram identificados outros achados suspeitos.

 

A ultrassonografia mostrou um nódulo hipoecoico, irregular, indistinto, pouco vascularizado, medindo 14 x 11 x 12 mm na região retroareolar da mama esquerda. Linfonodos axilares com aspecto habitual. Não foram identificados outros achados suspeitos.

 

A ressonância magnética mostrou realce não nodular, de distribuição segmentar, heterogêneo, medindo 6,1 cm na região central da mama esquerda, estendendo-se entre os terços anterior e posterior. É identificada extensão à papila, que se encontra retraída.  O realce se aproxima do músculo peitoral maior, mas não há sinais de invasão.

 


Discussão

O carcinoma lobular invasivo (CLI) é um tipo histológico um pouco mais raro de câncer de mama. Representa cerca de 15% dos casos. As pacientes com esse diagnóstico são um pouco mais velhas e apresentam tumores um pouco maiores do que as pacientes com o diagnóstico, mais comum, de carcinoma ductal invasivo (CDI).

O maior tamanho ao diagnóstico do CLI pode ser explicado pelo padrão mais infiltrativo e pela menor densidade do tumor à mamografia. A identificação do CLI também é mais difícil na ultrassonografia do que é a identificação do CDI. Dessa forma, tanto a mamografia quanto a ultrassonografia  tendem a subestimar o tamanho e o número dos nódulos com diagnóstico de CLI. Isso é importante, pois nos CLI, há mais de um tumor na mesma mama em cerca de um terço dos casos e pelo menos um tumor na outra mama em até 7% dos casos. Isso explica por que ocorrem mais recidivas no tratamento cirúrgico conservador do CLI.

Assim, vários autores sugerem que o estadiamento locoregional do CLI seja complementado pela ressonância magnética, devido à sua alta sensibilidade e acurácia na medida do tumor. A complementação da avaliação dos casos de CLI pela ressonância magnética altera a conduta do tratamento em cerca de um terço dos casos.

No caso apresentado, a ressonância magnética foi fundamental para a avaliação do tamanho do tumor e a indicação de quimioterapia neoadjuvante. Nesse caso, não foram identificados outros nódulos suspeitos.

 

Referência

Mann RM, Hoogeveen YL, Blickman JG, Boetes C. MRI compared to conventional diagnostic work-up in the detection and evaluation of invasive lobular carcinoma of the breast: a review of existing literature. Breast Cancer Res Treat. 2008;107(1):1-14. doi:10.1007/s10549-007-9528-5

JALES, Rodrigo Menezes LOPES, Lucas Daniel Pereira. Carcinoma lobular invasivo da mama - características da mamografia, da ultrassonografia e da ressonância magnética.. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2021. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/carcinoma-lobular-invasivo-da-mama-caracteristicas-da-mamografia-da-ultrassonografia-e-da-ressonancia-magnetica. Acesso em: 02 Abr. 2025
Rodrigo Menezes Jales

Possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (1999), Mestrado (2005) e Doutorado (2012) em Oncologia Ginecológica e Mamária (DTG-FCM / UNICAMP). 

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Lucas Daniel Pereira Lopes

Graduação em Medicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI (2013). Residência médica em radiologia e diagnóstico por imagem UDI Medicina Diagnóstica (2016). Aperfeiçoamento em andamento em A4 de Radiologia - Saúdo da Mulher no  Hospital da Mulher" Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti", CAISM, Brasil (2020). Atua na área de imagem da mulher, incluindo ressonância magnética de mama e pelve, mamografia, ultrassonografia geral, ultrassonografia para pesquisa de endometriose profunda, procedimentos mamários percutâneos guiados por estereotaxia e ultrassonografia e histerossalpingografia.

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