Calcificações arteriais mamárias: correlação clínica e mamográfica
Autora: Fernanda Meireles
Orientadora: Beatriz Regina Alvares
História clínica
Paciente do sexo feminino, branca,78 anos anos, assintomática, realizou mamografia de rotina na Seçao de Imagem do CAISM.
Achados de exame físico: mamas semiologicamente normais e axilas livres.
Antecedentes familiares: sem antecedentes familiares para câncer de mama.
Imagens do Caso
Descrição das imagens
Mamografia efetuada nas incidências Médio Lateral Oblíqua-MLO e Crânio Caudal-CC, evidenciando em ambas as mamas, imagens lineares, paralelas, com densidade cálcica, associadas a estruturas tubulares, caracterizando calcificações vasculares.
Diagnóstico
Achados mamográficos benignos- BIRADS 2.
Conduta
Não é necessária nenhuma conduta em relação às calcificações vasculares.
Como a paciente tem idade superior a 70 anos, não há a recomendação inequívoca de novos exames mamográficos de rastreamento.
Discussão
A calcificação vascular mamária (CVM) é um achado mamográfico tipicamente benigno, não relacionado a lesões precursoras ou a um maior risco de desenvolvimento de neoplasias malignas nas mamas. Trata-se da calcificação da camada média da artéria, que é diferente da calcificação da camada íntima. A calcificação que ocorre na túnica íntima das artérias, geralmente de grande porte, é um indicador de fases avançadas de aterosclerose. A calcificação da camada média é frequentemente encontrada em pacientes a partir da 4ª década de vida, apesar de também poder estar associada à síndrome metabólica, diabetes mellitus e doença renal crônica.
A CVM é freqüentemente vista nos exames de rastreamento mamográfico de mulheres idosas. Nos últimos anos tem crescido o número de trabalhos que associam a CVM com diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e outras doenças, sugerindo, inclusive, seu uso como um marcador para doenças cardiovasculares, já havendo estudo prévio que demonstra a associação entre a presença destas calcificações e síndrome coronariana aguda. Ainda há muita controvérsia entre os estudos, entretanto, é possível encontrar associação significativa com o diabetes mellitus em várias publicações.
As CVMs apresentam um aspecto mamográfico característico de imagens lineares, paralelas, com densidade cálcica, visíveis nas paredes dos vasos, lembrando os “trilhos de trem”. De acordo com a Classificação BIRADS (Breast Imaging Reporting and Data System), as CVMs devem ser classificadas na categoria 2- achados mamográficos benignos, sendo indicado controle mamográfico de rotina.
Algumas vezes, as CVMs podem ter uma apresentação mamográfica diferente, demonstrada por imagens lineares, com densidade cálcica, não paralelas e descontínuas, podendo sugerir calcificações suspeitas e induzir o médico interpretador a um diagnóstico equivocado, o que pode ser evitado, pela avaliação criteriosa destas alterações. Nestas situações para caracterizar CVM, as calcificações sempre devem estar associadas às imagens vasculares, evidenciadas mamograficamente por imagens tubulares com densidade de tecidos moles
No presente caso, as alterações encontradas no exame mamográfico foram facilmente diagnosticadas como benignas.
Fonte: Acervo didático da Seção de Imaginologia do CAISM/UNICAMP
Fotógrafo: Neder Piagentini do Prado: ASTEC/CAISM/UNICAMP.
Referências
1 - American College of Radiology (ACR). BI-RADS® — Mammography [database on the Internet]. 5th ed. Reston: American College of Radiology; 2013.
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3 - Alecrin, IN; Taniguchi, CK; Calvoso Jr., R; Viscomi, F; Aldrighi, JM. Calcificações mamárias: quando biopsiar?. Rev. Assoc. Med. Bras. 2001 mar; 47(1), 10-11.
4. Maas AH,van der Schouw YT, Beijerinck D, Deurenberg JJ, Mali WP, van der Graaf Y. Arterial calcifications seen on mammograms: cardiovascular risk factors, pregnancy, and lactation. Radiology. 2006; 240(1);33-8.
4 - Lanzer, P; Boehm, M; Sorribas, V; Thiriet, M; Janzen, J; Zeller, T; St Hilaire, C; Shanahan, C. Medial vascular calcification revisited: review and perspectives. Eur Heart J. 2014 Jun; 35(23): 1515–1525.